PF pede cooperação internacional com EUA em investigação sobre as joias
Corporação pretende ter acesso às contas de Bolsonaro e da família Cid nos Estados Unidos. Polícia investiga esquema de venda ilegal de joias da União
- Categoria: Geral
- Publicação: 15/08/2023 00:24
A Polícia Federal solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a autorização para uma cooperação policial com autoridades dos Estados Unidos na investigação sobre as joias que teriam sido negociadas por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A informação foi adiantada pelo O Globo.
A Polícia Federal investiga um suposto esquema de venda ilegal de joias e bens de luxo da União para favorecer o patrimônio privado de Jair Bolsonaro.
Na última sexta-feira (11/8), foram realizadas buscas e apreensões em endereços dos aliados e principais nomes ligados ao ex-chefe do Executivo.
Entre eles, o tenente-coronel Mauro Cid — que está preso — e o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid (pai do militar); Osmar Crivelatti, braço direito do ex-ajudante de ordens; e Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro.
Com o apoio dos EUA, a PF brasileira pretende ter acesso às contas bancárias do ex-presidente, de Mauro Cid e do general Mauro Loureira Cid, mantidas no país norte-americano.
A polícia também busca o rastreamento das joalheiras envolvidas na venda das peças, principalmente do relógio que teria sido “resgatado” por Wassef.
O acessório, de platina cravejado de diamantes, foi entregue por sauditas a Bolsonaro durante uma viagem oficial, em 2019.
O objeto foi levado para os Estados Unidos e, segundo a PF, em junho do ano passado, foi vendido por mais de U$S 68 mil, cerca de R$ 346 mil.
É nesta parte da história que entra Frederick Wassef.
Ele teria ido aos EUA para recomprar o relógio, que estava exposto em uma joalheria de Miami, para entregar ao Tribunal de Contas da União (TCU).
Venda ilegal
A suspeita da PF é que as operações funcionavam por determinação de Jair Bolsonaro e que teriam rendido R$ 1 milhão.
Na noite da última sexta-feira, os investigadores pediram ao STF a quebra de sigilo fiscal e bancário do ex-presidente.
A apuração também solicitou que ele seja ouvido no inquérito.
Segundo a corporação, a ofensiva para incorporar bens públicos ao acervo privado driblou até mesmo o setor do Planalto, responsável por catalogar os presentes dados ao presidente da República.
A PF afirma que esses itens foram levados aos Estados Unidos no mesmo avião em que Bolsonaro viajou em dezembro do ano passado.
As conversas ainda mostram Mauro Cid pedindo que o pai dele enviasse fotos das joias.
Em uma das imagens, aparece o reflexo de Mauro Cesar na caixa dos presentes.
Ele chegou a enviar ao militar dois endereços de lojas e comércios de ouros e metais preciosos nos EUA.
Os agentes da PF tiveram acesso a troca de mensagens em que Mauro Cid afirma que o pai está em posse de US$ 25 mil em dinheiro vivo, e que o montante deveria ser entregue a Jair Bolsonaro.
A suspeita é que o valor seja oriundo da venda de bens desviados da União.
Na mensagem interceptada pela polícia, o militar indica que estaria com medo de usar o sistema bancário e que preferia em “cash”.