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Análise: os impactos da conversa do hacker com Bolsonaro

Desde que vídeos com trechos do depoimento do hacker à CPI mista passaram a circular nas redes sociais, os aliados de Bolsonaro traçaram a estratégia de tentar desqualificar Walter Delgatti Neto. Ok, ele não é nenhum santo, mas poderiam explicar também por que alguém com uma ficha corrida tão extensa foi convidado para tomar café da manhã com o ex-presidente e falar sobre urnas eletrônicas
  • Categoria: Geral
  • Publicação: 18/08/2023 11:50

O depoimento do programador Walter Delgatti Neto, popularmente conhecido como o hacker da "Vaza-Jato", mais do que colocar o bolsonarismo em xeque, lança luz sobre a forma de atuação dos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), principalmente em um ponto: a necessidade de se criar uma fake news para tentar influenciar os rumos da eleição.

Perante deputados e senadores da CPI mista do 8 de janeiro, em sessão transmitida ao vivo e registrada em ata do Congresso, o hacker confirmou que a campanha do ex-presidente pediu a ele para forjar um vídeo, durante as celebrações do 7 de Setembro do ano passado, com a simulação de um voto em Bolsonaro (22, na urna eletrônica), mas em vez de aparecer a foto dele, surgiria a imagem e o número (13) do, na época, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A tática, agora, é mais do que clara: não interessava a verdade à campanha de Bolsonaro.

O importante era colocar em dúvida a lisura das eleições, na tentativa de evitar a derrota para Lula que se desenhava na maioria das pesquisas de intenção de voto da época.

Ou seja, os fatos relatados pelo hacker demonstram que existia uma engrenagem maior, claramente organizada, para tentar subverter a ordem democrática.

É algo grave, que merece ser esmiuçado por todas as esferas investigativas: CPI, Polícia Federal, Ministério Público, entre outros.

Desde que vídeos com trechos do depoimento do hacker à CPI mista passaram a circular nas redes sociais, os aliados de Bolsonaro traçaram a estratégia de tentar desqualificar Delgatti.

Assim como o senador Sergio Moro fez durante a participação na CPI, bolsonaristas passaram a espalhar a ficha criminal do programador, com acusações de estelionato e ações penais abertas.

Ok, ele não é nenhum santo.

Mas poderiam explicar também por que alguém com uma ficha corrida tão extensa foi convidado para tomar café da manhã com Bolsonaro e falar sobre urnas eletrônicas.

É algo que merece explicação, não?

Afinal, deve existir um filtro com quem o presidente da República se encontra ou não, correto?

Na tal conversa com o então presidente da República, ocorrida em meados do ano passado, o hacker revelou que "Bolsonaro me disse que eu estaria salvando o Brasil".

Salvar o Brasil inventando uma fake news?

Era esse o plano para continuar mais quatro anos à frente do Palácio do Planalto?

Nunca é demais lembrar que Bolsonaro foi recentemente condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por mentiras e ataques ao sistema eleitoral, ficando assim inelegível pelos próximos oito anos.

A verdade pode demorar, mas vai aparecendo aos poucos.

A sociedade civil organizada agradece.