Moraes repudia críticas de Gleisi sobre existência do TSE
Presidente do PT afirmou que a existência de uma justiça eleitoral no Brasil é "um absurdo". Declaração foi dada durante votação da PEC da Anistia
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- Publicação: 21/09/2023 22:46
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) emitiu, nesta quinta-feira (21/9), uma nota em que repudia a declaração da presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada Gleisi Hoffmann, que fez críticas sobre a existência da Justiça Eleitoral no Brasil.
As falas foram feitas na quarta-feira (20/9) na comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a proposta de emenda à Constituição (PEC) da Anistia.
A nota, assinada pelo presidente do TSE, o ministro Alexandre de Moraes, afirma que a declaração é “fruto do total desconhecimento sobre a importância, estrutura, organização e funcionamento da Justiça Eleitoral”.
Gleisi afirmou que os tribunais eleitorais brasileiros "aplicam penas inexequíveis, que não são pedagógicas e inviabilizam os partidos", após se colocar favorável à PEC.
A petista criticou, ainda, o custo gerado pela Justiça Eleitoral à União e chamou sua existência de “um absurdo”.
“Essas multas do TSE, os valores, de R$ 750 milhões.
Isso não é multa exequível. Não tem como pagar.
Não temos dinheiro.
Não se refere só a cotas, mas tem juros.
É uma visão técnica do TSE, trazem a visão subjetiva da equipe técnica do tribunal, que sistematicamente entra na vida dos partidos políticos, querendo dar orientação, reinterpretando a vontade dos dirigentes e dos candidatos.
São multas que inviabilizam os partidos, sem os quais não fazemos democracia", criticou a deputada.
"A Justiça Eleitoral, uma das únicas do mundo.
O Brasil é um dos únicos lugares do mundo que tem justiça eleitoral.
O que já é um absurdo.
E que custa três vezes o que custa o financiamento de campanha.
Tem algo errado nisso aí", acrescentou Gleisi.
Na nota, Moraes chamou as afirmações da parlamentar de “errôneas e falsas”, afirmando que elas foram feitas com o objetivo de impedir o controle necessário dos recursos gastos pelos partidos, especialmente aqueles voltados para candidaturas que buscam maior diversidade, como de mulheres e negros.
Disse, ainda, que a existência da Justiça Eleitoral é motivo de orgulho para o país e atua para concretizar a democracia.
“Somos a única Democracia do mundo que apura e divulga os resultados eleitorais no mesmo dia, com agilidade, segurança, competência e transparência.
Isso é motivo de orgulho nacional e não para agressões infundadas.
A Justiça Eleitoral atua com competência e transparência, honrando sua histórica vocação de concretizar a Democracia e a autêntica coragem para lutar contra as forças que não acreditam no Estado Democrático de Direito e pretendem obstar que atue no sentido de garantir o cumprimento da Constituição Federal e da legislação”, diz a nota.
Parlamentares de direita, como o deputado Éder Mauro (PL-PA), ironizaram a fala da deputada e lembraram que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) era um dos maiores críticos da Justiça Eleitoral, e que ele chegou a questionar a lisura do processo de apuração dos votos e as próprias urnas eletrônicas.
Gleisi disse que a Justiça Eleitoral está "sujeita ao escrutínio da sociedade"
Após a repercussão das falas, Gleisi buscou se justificar nas redes sociais na tarde desta quinta (21/9).
Após reconhecer a relevância da atuação da Justiça Eleitoral, afirmou que ela, assim como qualquer outra instituição, está sujeita ao escrutínio da sociedade.
“Por mais relevante que seja o papel da Justiça eleitoral, seu funcionamento está sujeito ao escrutínio da sociedade, como o de qualquer instituição.
Ontem, na Comissão da Câmara, apontei duas questões: a intervenção indevida dos órgãos técnicos da Justiça Eleitoral sobre a autonomia dos partidos políticos na utilização de recursos, sejam próprios ou dos fundos constitucionais", escreveu.
"Que apontem desvios, é seu dever, mas extrapolam suas atribuições, tutelam o cotidiano dos partidos, interpretam vontade de dirigentes e candidatos, desrespeitam jurisprudências do Judiciário.
Estipulam multas em valores inconcebíveis que, ao invés de corrigir, inviabilizam o funcionamento das legendas, que são essenciais à democracia", disse a parlamentar.