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Cláudio Castro volta ao Rio de mãos abanando

Governo federal não apresenta ao governador fluminense iniciativas concretas para conter a crise na segurança. Expectativa é de que as medidas sejam divulgadas na próxima semana
  • Categoria: Geral
  • Publicação: 26/10/2023 08:26

Depois de passar o dia em Brasília e se encontrar com ministros e os presidentes da Câmara e do Senado, o governador Claudio Castro (PL) retorna ao Rio de Janeiro com poucas definições para o enfrentamento da crise na segurança pública no estado.

Do governo federal, espera o reforço dos militares na fiscalização de portos e aeroportos e uma presença maior da Polícia Rodoviária federal (PRF) nas estradas que cortam o Rio.

Do Congresso, espera que se adotem medidas que endureçam as penas para criminosos — como a revisão no direito à progressão de regime de quem está encarcerado.

Enquanto Castro encontrava o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no Palácio do Planalto os ministros Rui Costa (Casa Civil), Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública) e José Mucio Monteiro (Defesa) se reuniam para discutir a forma de auxílio ao governo fluminense.

Dino não vê necessidade de intervenção federal no estado, mas o Palácio do Planalto demonstra cautela para não assumir um problema que, por ora, é do Palácio Guanabara.

"Essa reunião é, especificamente, sobre o Rio.

Está na pauta a ampliação da presença federal.

Temos as nossas competências constitucionais e não cabe a nós substituirmos a autoridade do estado", afirmou Dino.

Uma das possibilidades é a ampliação dos efetivos da Marinha nos portos cariocas e na Baía de Guanabara.

Já a Aeronáutica atuaria nos aeroportos, coibindo o tráfico de drogas e armas.

Isso não inclui a decretação de uma intervenção ou uma nova operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no estado — aumento da presença militar conta com o endosso de Múcio.

Também está em estudo a ampliação dos efetivos da PRF nas estradas e limites do estado para coibir o tráfico e o roubo de carga.

Como em Gaza

Na 1ª Reunião do Conselho da Federação, no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou a situação no Rio com as imagens vistas na Faixa de Gaza, por conta da guerra entre Israel e os terroristas do Hamas. Para ele, a crise na segurança no estado é um problema nacional.

"Aquelas cenas que apareciam na televisão até pareciam a própria Faixa de Gaza de tanto fogo e tanta fumaça. Dizer: 'É um problema do Rio de Janeiro, é um problema do prefeito Eduardo Paes, um problema do governador' — não é. É um problema do Brasil, um problema nosso, que temos que encontrar uma solução", afirmou o presidente.

Presente ao evento, o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes (PSD), concorda com a parceria entre estado e governo federal.

"A gente tem que entender que a situação no Rio é muito grave.

Não é um fato isolado. Quem vive a realidade da cidade, vive uma situação de territórios dominados.

Acho muito importante essa parceria com o governo federal.

Esperamos uma ação firme, contundente e permanente.

Mas não se pode politizar a atuação das forças de segurança pública.

Precisamos de muita ação da Polícia Federal (PF) ajudando a Polícia do Rio a cumprir a sua obrigação", observou.

No Senado, Castro reforçava as avaliações de Lula e Paes.

"As últimas investigações, tanto da Polícia Federal, quanto da Civil, mostram criminosos de pelo menos 12 estados diferentes no Rio. Somente este ano, tivemos crise em São Paulo, Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia — todas com grande grau de semelhança.

Recentemente, tivemos um criminoso roubando armas de guerra de dentro de um paiol do Exército, em São Paulo", lembrou.

Castro também esteve com o ministro-chefe da Secretaria das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e com José Múcio.

Ambos prometeram para a próxima semana um plano com a ampliação do engajamento das forças federais no Rio.

O governador também se reuniu com o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL).

A crise na segurança da capital fluminense se acentuou na segunda-feira.

Trinta e cinco ônibus foram incendiados na Zona Oeste da cidade em represália à morte do miliciano Matheus da Silva Rezende, o Faustão, morto depois de um confronto com policiais em uma favela em Santa Cruz.

A quadrilha teria dado ordens para queimar os coletivos e prometeu pagar R$ 500 pelo crime.

O governo fluminense também estuda recorrer das decisões dos desembargadores do Tribunal de Justiça que autorizaram a volta de dois chefes do tráfico.

Luiz Cláudio Machado, o Marreta, está em Bangu 1, e Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, tem chegada prevista nos próximos dias.

Ambos foram levados para presídios federais e a cúpula da segurança do estado pretende que continuem presos neles.

Com o clima de conflagração na cidade, eles aumentam o risco de piorar o clima de insegurança já vivido por conta das ofensivas das milícias.

Mesmo porque, há indícios de que Marreta e Rogério 157 pretendem retomar territórios perdidos para os milicianos.