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Bolsonaro pede volta à “normalidade” institucional, mas diz que “jamais” passaria faixa presidencial para Lula

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) lamentou à CNN a depredação de prédios públicos no dia 8 de janeiro
  • Categoria: Geral
  • Publicação: 06/01/2024 17:30

Às vésperas do primeiro aniversário dos atos criminosos de 8 de janeiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se disse convencido de ter tomado uma decisão correta ao não transmitir a faixa para o adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmou ter feito uma transição de governo com “tranquilidade nunca vista” no país.

Em entrevista exclusiva à CNN nesta sexta-feira (5), em sua casa em Angra dos Reis (RJ), Bolsonaro também rechaçou a tese de que os atos tinham como objetivo um golpe de Estado.

Ao ser perguntado se teme ser preso, Bolsonaro pediu “moderação” e “volta da normalidade” institucional, criticando o clima de “insegurança” no país.

Em entrevista exclusiva à CNN nesta sexta-feira (5), em sua casa em Angra dos Reis (RJ), Bolsonaro também rechaçou a tese de que os atos tinham como objetivo um golpe de Estado.

Ao ser perguntado se teme ser preso, Bolsonaro pediu “moderação” e “volta da normalidade” institucional, criticando o clima de “insegurança” no país.

“Hoje em dia estamos em uma insegurança muito grande.

Qualquer pessoa no Brasil hoje em dia pode ser presa.

Qualquer pessoa.

Quem é qualquer pessoa? Você até.

Qual a acusação?

Não interessa.

Alguém achou que você está tentando contra o Estado Democrático de Direito”, respondeu.

“Porque tem palavra aqui que é proibido falar.

Você não pode discutir urna eletrônica, não pode discutir vacina.

Você não pode falar, tem que ter muito cuidado daquele projeto de lei que está no Congresso que fala sobre censura”, disse o ex-presidente, referindo-se ao PL das Fake News.

“Esse clima não é bom para o Brasil.

E a gente espera que haja uma devida moderação por parte em especial do Poder Executivo e do Poder Judiciário, que baixe a temperatura e voltemos à normalidade.

Esse clima belicoso que existe no momento.

Ou seja, a direita não pode fazer nada.

É cassação de mandato, é inelegibilidade.

O outro lado pode fazer absolutamente tudo.

Olha o meu caso, meu Deus do céu.

Eu estou inelegível, porque eu me reuni com os embaixadores e por que eu me reuni com os embaixadores?

Porque o ministro [Edson] Fachin se reuniu com os embaixadores”.

Na condenação feita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que deixou Bolsonaro inelegível até 2030, foi reconhecida a prática de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante encontro realizado no Palácio da Alvorada com representantes diplomáticos estrangeiros.

Na ocasião, Bolsonaro lançou dúvidas — nunca provadas — sobre a falta de segurança das urnas eletrônicas.

Depois, ele e o general Braga Netto — seu companheiro de chapa nas eleições presidenciais — foram novamente declarados inelegíveis por abuso de poder político e uso eleitoral das comemorações do 7 de Setembro de 2022, segundo a decisão do TSE.

O ex-presidente disse não ver qualquer indício de golpe nos atos de 8 de janeiro.

“Para haver a tentativa [de golpe], tinha que ter uma pessoa à frente.

Tudo que foi apurado não levantou nome algum.

São suposições. Quem vai dar golpe com velhinhos, com pessoas idosas com bíblia debaixo do braço, com a bandeira na outra mão, com pessoas do povo, com vendedor de algodão doce, com motorista de Uber, com menor de idade, com criança?

Quem vai dar um golpe nesse sentido?”, questionou.

Bolsonaro é alvo de inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga as invasões.

A suspeita é que ele tenha incitado o movimento.

O ex-presidente nega veementemente.

Questionado se estava arrependido de não ter passado a faixa presidencial para Lula em sua posse, uma semana antes dos atos criminosos e no momento em que muitos de seus apoiadores ainda se aglomeravam diante de quartéis do Exército, Bolsonaro foi incisivo.

“Eu jamais passaria a faixa a esse cidadão Lula, essa pessoa de triste memória para todos nós.

Autor, coautor, responsável por atos de corrupção os mais bárbaros possíveis aqui no Brasil, onde ele entregou o poder a grupos de políticos e outros em troca de apoio no parlamento e assistimos, por exemplo, à questão do Mensalão, do Petrolão”, disse o ex-presidente na entrevista.

Bolsonaro afirmou que, apesar de todas as diferenças ideológicas, não houve dificuldade da chapa vitoriosa em ter acesso aos dados do governo em fim de mandato e a transição foi conduzida com “tranquilidade”.

“Pergunta se alguém do PT teve alguma dificuldade por ocasião da transição…

Abrimos as portas de todos os ministérios pela Presidência da República e fizeram uma transição numa tranquilidade nunca vista na história do Brasil”, afirmou. Apesar disso, Bolsonaro nunca reconheceu publicamente a derrota nas eleições de outubro de 2022 — fato inédito após a redemocratização do país.