Vereador é indiciado por fazer som de macaco em discussão com colega na Câmara
O caso ocorreu em novembro de 2023, durante sessão plenária na Câmara Municipal de Planaltina (GO), a 259 quilômetros da capital goiana e a uma hora do Distrito Federal. Albuquerque fez sons de macaco ao discutir com o colega Carlim Imperador (PROS)
- Categoria: Geral
- Publicação: 15/01/2024 23:08
O vereador Lincon Albuquerque (Cidadania) foi indicado pela Polícia Civil de Goiás por injúria racial contra um colega negro.
A decisão é do delegado responsável José Antonio Sena e foi confirmada ao Estadão pela corporação, que informou que o inquérito foi remetido ao fórum na sexta-feira (12/1).
Cabe agora ao Ministério Público de Goiás (MPGO) decidir se denuncia o vereador ou pede que o caso seja arquivado.
O crime de injúria racial é previsto na Constituição e tem pena prevista de dois a cinco anos de reclusão e multa.
O parlamentar nega o crime e diz que se defenderá na Justiça.
O caso ocorreu em novembro de 2023, durante sessão plenária na Câmara Municipal de Planaltina (GO), a 259 quilômetros da capital goiana e a uma hora do Distrito Federal.
Albuquerque fez sons de macaco ao discutir com o colega Carlim Imperador (PROS).
O vereador nega que a intenção tenha sido imitar o animal.
No relatório, de acordo com o portal Metrópoles, o delegado da 11ª Delegacia Regional de Polícia descreve que o vereador "gesticula com as mãos próximas ao ouvido, fazendo sinais de abrir e fechar os dedos, o presidente se manifesta pedindo para que os dois se acalmem e, logo após, Lincon profere guinchos com a boca, reproduzindo sons que imitam um macaco".
Procurado pelo Estadão, o vereador Lincon Albuquerque disse que já esperava o indiciamento, mas que acredita que a investigação e o devido processo legal são importantes para que ele possa se defender.
Nem ele, nem o advogado, já foram notificados sobre o resultado da investigação.
"No meu entendimento, tenho que fazer minha defesa.
O delegado agiu corretamente, esse é um tema que precisa ser tratado com muito carinho", disse, referindo-se a acusação de injúria racial.
O Estadão procurou a Câmara Municipal de Planaltina e Carlim Imperador, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.
Relembre o caso
Como mostrou o Estadão, os parlamentares debatiam sobre um projeto para implantar uma loteria no município.
O autor da proposta, Professor Lincon, começou a fazer sinais com a mão de que o colega Carlim, contrário ao projeto, falava muito.
A discussão subiu de tom e Lincon fez sons parecidos com o de um macaco no microfone.
Carlim disse ter sido "bastante hostilizado". Lincon negou que tenha sido racista.
O vereador disse que houve um "mal-entendido baseado em uma comunicação inadequada". Lincon afirmou que a intenção era se expressar "a respeito do barulho e da confusão" e disse que é "pardo, filho de pai negro".
Lincon, que se registrou como pardo nas últimas eleições, negou que tenha imitado um macaco na discussão com o colega.
Ao Estadão, ele disse que, com os sons e os gestos, ele quis dizer que o oponente estava fazendo "muito barulho".
"Eu estava mostrando que ele era barulhento, fiz 'blá blá blá' com a mão para dizer isso."
O vereador diz ainda que as pessoas na cidade, durante encontros nas ruas, na escola onde trabalha e na igreja que frequenta, têm o apoiado.
"Todos aqui conhecem os dois", disse o professor, que acrescentou que o adversário costuma ser agressivo nos embates contra ele e seus adversários políticos e que, durante a discussão, o intuito de Carlim pode ter sido o de "desestabilizar" Lincon.