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Ruído entre Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto paralisa o PL

Membros do partido avaliam que rusga entre os dois líderes provoca desgaste e atrasa discussão sobre a campanha eleitoral
  • Categoria: Geral
  • Publicação: 17/01/2024 12:30

A cisma entre o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, e o ex-presidente Jair Bolsonaro, nos últimas dias, paralisou o partido neste início de ano. Integrantes da legenda avaliam, internamente, que esse desgaste era desnecessário e atrasa a discussão sobre a campanha eleitoral.

Enquanto a esquerda está adiantada nas articulações, em especial para a disputa na principal capital do país, São Paulo, o PL ganha o noticiário com rusgas entre dois de seus principais nomes nacionais.

Declarações elogiosas de Costa Neto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à indicação de Ricardo Lewandowski para o Ministério da Justiça foram rebatidas por Bolsonaro, que não gostou nem um pouco.

Esses ruídos entre os dois têm sido frequentes.

Em declarações recentes, e que circulam nas redes, Costa Neto aparece dizendo que Lula tem "prestígio" e que Bolsonaro possui "carisma".

E que Bolsonaro é "mil vezes" mais difícil de lidar porque ele "não é uma pessoa igual a nós".

O ex-chefe do Executivo, sem citar o presidente da legenda, rebateu.

Ele aparece em vídeo, ao lado de apoiadores, no litoral do Rio de Janeiro, criticando o aliado.

"Esta semana tive um problema sério, não vou falar com quem.

'Ó, se continuar assim, você vai implodir o partido'. Pessoa do partido dando declaração absurda.

Como 'o Lula é extremamente popular'. Manda ele vir tomar um 51 ali na esquina.

Não vem", disse.

As eleições municipais deste ano prometem se tornar nova queda de braço entre o petismo e o bolsonarismo.

O PL pretende lançar candidato próprio em quase todas as capitais e fala em eleger mais de mil prefeitos em todo o país.

O PT não faz contas nem vai forçar para que petistas sejam cabeça de chapa.

O objetivo de Lula é conservar a frente que o levou a seu terceiro mandato apoiando nomes de partidos aliados, como das legendas do Centrão — casos de PP, Republicanos e União Brasil.

Esse "terceiro turno" entre a direita e a esquerda visa também 2026.

Quanto mais prefeitos aliados, principalmente nos grandes centros, maior a chance de vitória.

O PT, hoje, não administra nenhuma capital.

Nas redes sociais da direita, a divergência entre Bolsonaro e Costa Neto não ecoou.

Nesses grupos, prevalece o silêncio sobre o tema. Aliados do ex-presidente não veem grande problemas nem maiores consequências no episódio.

Um dos vice-líderes da oposição, o deputado Maurício Marcon (Podemos-RS) disse não ver problemas "a médio prazo" na rusga entre Bolsonaro e Costa Neto.

Ele projetou um resultado vigoroso da direita na disputa eleitoral de outubro.

O parlamentar minimizou as declarações do presidente do PL.

"Não vejo nada muito além na fala do Valdemar. Para variar, foi maldosamente distorcida.

E Bolsonaro reagiu com força, dada sua posição antipetista.

Está no papel dele. Não vejo problema no médio prazo", ressaltou Marcon ao Correio.

Para o deputado gaúcho, Bolsonaro terá excelente desempenho como cabo eleitoral nas disputas para prefeitos e vereadores.

Ele até acha que, hoje, o ex-presidente teria maior votação do que obteve em 2022, quando recebeu, no segundo turno, 58,2 milhões de votos.

"Nestas eleições, os partidos que ficarem ao centro vão diminuir de tamanho.

As pessoas estão atentas a votarem em quem é de algum espectro político.

Bolsonaro, hoje, faria mais votos que em 2022.

E isso vai se refletir nas eleições.

Quem ele apoiar será difícil de ser derrotado.

É o caso aqui no nosso estado", afirmou o deputado.

"Deve passar de mil prefeitos e de milhares de vereadores.

E para 2026, a projeção é de o PL fazer um senador por estado e perto de 200 deputados federais", avaliou.