Mauro Cid nega coação da PF e diz que áudios foram "desabafo"
O ministro Alexandre de Moraes divulgou a ata da audiência de Mauro Cid, no STF. Após prestar os esclarecimentos, o tenente-coronel foi preso por descumprir medidas cautelares
- Categoria: Geral
- Publicação: 23/03/2024 00:02
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tornou pública, na noite desta sexta-feira (22/3), a ata da audiência com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com o documento, o militar afirmou que não foi coagido a fechar delação premiada junto a Polícia Federal (PF) e confirmou integralmente o depoimento que prestou no dia 11 de março, quando falou à corporação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Sobre os áudios vazados, divulgados pela Revista Veja na noite de quinta-feira (21/3), o militar disse se tratar de um "desabafo" e que "acabou falando besteira".
Logo após prestar depoimento, Mauro Cid foi preso preventivamente por ordem de Moraes.
O ministro entendeu que o tenente-coronel descumpriu as medidas cautelares e tentou cometer o delito de obstrução da justiça.
De acordo com o documento divulgado pelo STF, Cid afirmou na audiência estar “ciente de que seria feita a colaboração” e que teria consultado previamente o advogado dele, Cezar Bitencourt.
O militar ainda diz querer seguir com a delação premiada, "de forma espontânea e voluntária”.
Ao ser questionado sobre os áudios vazados, Mauro Cid disse que os ouviu e confirmou a veracidade deles.
No entanto, afirmou se tratar de uma "conversa privada e informal", e que "não lembra para quem falou essas frases de desabafo, num momento ruim".
“É um desabafo, quer chutar a porta e acaba falando besteiro.
Genérico, todo mundo acaba dizendo coisas que não eram para serem ditas.
Em razão da situação que está vivendo, foi um desabafo.
É um desserviço que a Veja faz ao inquérito, à minha família, às minhas filhas”, reclamou ele, de acordo com a ata da audiência.
Cid também garantiu que “ninguém o teria forçado” a manter o diálogo com os investigadores da PF.
“Eles (PF) têm a tese investigativa e ele tem a versão dela, muitas vezes as versões eram contrárias, nunca houve induzimento às respostas, ninguém membro da PF o coagiu a falar algo que não teria acontecido”, pontuou ele, como indica um trecho do documento.
“Eles tinham outra linha investigativa e a versão dos fatos eram outras, ele explicava como tinha ocorrido, as policiais traziam os fatos na forma que estavam investigando”, explicou o militar.