Lula quer levantameto de terras que possam ser usadas para assentamento
"Queremos mostrar aos olhos do Brasil o que podemos utilizar sem muita briga", disse o presidente durante o lançamento do programa Terra da Gente
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- Publicação: 15/04/2024 21:32
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou na tarde desta segunda (15) o decreto que lança o programa Terra da Gente para a reforma agrária.
O chefe do Executivo agradeceu o trabalho do ministro da Agricultura, Paulo Teixeira, e disse ter pedido a ele um levantamento com terras que possam ser utilizadas para assentamento no Brasil "sem muita briga".
Sobre o programa, disse tratar-se de "uma forma nova de a gente enfrentar um velho problema".
"Quero agradecer o trabalho que Paulo Teixeira fez.
É uma forma nova de a gente enfrentar um velho problema.
Eu pedi a ele que fizesse um levantamento, com a ajuda dos governadores, das secretarias que cuidam das terras em cada estado, com o pessoal do Incra estadual, para a gente ter noção de todas as terras que podiam ser disponibilizadas para assentamento nesse país.
Isso não invalida a luta pela reforma agrária, mas queremos mostrar aos olhos do Brasil o que podemos utilizar sem muita briga.
Isso sem querer pedir para ninguém para deixar de brigar", apontou.
No programa lançado, há a possibilidade de estados endividados com a União abaterem suas dívidas vendendo terras para o governo federal utilizar na reforma agrária, entre outras previsões.
O petista alegou ainda ser o presidente que mais realizou assentamento de terras.
"Antes no Brasil não havia reforma agrária, havia capitanias hereditárias, um monte de terra distribuído para um pouco de gente.
E agora é a gente distribuindo as terras adequadas para as pessoas adequadas que precisam produzir.
Queria lembrar que, nos primeiros mandatos meus e da Dilma, assentamos o equivalente a 754 mil famílias e colocamos à disposição da reforma agrária 51% de todas as terras utilizadas para reforma agrária em 500 anos de história do Brasil", disse.
"Depois do assentamento, tem tarefa tão ou mais importante que é torna-la produtiva e atraente para que as pessoas continuem morando na terra e tendo nela uma razão de viver", emendou.
Lula também falou em "convivência democrática na adversidade", e disse que o papel do governo é estabelecer uma relação "transparente" e "honesta" com os movimentos sociais.
"O que queremos é provar que somente através de um regime democrático, somente através da convivência democrática na adversidade a gente pode fazer aquilo que a gente quer enquanto trabalhador da cidade, reivindicar, fazer greve.
O nosso papel é ser honesto com o movimento social, é dizer aquilo que a gente pode fazer, o que não pode, o dinheiro que a gente tem, que a gente não tem, para que a gente possa estabelecer uma relação muito sincera, cordial, democrática. Mesmo que em alguns momentos alguém torça para Corinthians, outro para o Palmeiras.
Não tem problema nenhum.
O que é importante é que a gente não perca o humor para fazer a luta que a gente precisa", acrescentou.
E acenou afirmando estar no começo do mandato.
"Importante vocês lembrarem que temos apenas 1 ano e 4 meses no governo.
Nem todo pé de jabuticaba que a gente plantou está dando flor ainda.
Vocês sabem disso.
Isso aqui é mais um adubozinho que a gente está jogando, vai jogar um pouco de água e logo a gente vai começar a colher a fruta do programa Terra da Gente".
Também participiram do evento os ministros do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, e o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), César Aldrighi.
O novo programa estabelece estratégia para ampliar o acesso à terra.
Até 2026, 295 mil famílias agricultoras devem ser beneficiadas.
O Programa Terra da Gente para a Reforma Agrária define as prateleiras de terras disponíveis no país para assentar famílias que querem viver e trabalhar no campo.
Invasões
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu uma série de propriedades entre domingo e esta segunda-feira (15/4), dando início ao "abril vermelho", período em que o grupo faz essas ocupações em protesto contra as políticas de reforma agrária do governo.