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Irmãos Brazão e delegado agora são réus por homicídio 1ª Turma do STF aceita, por unanimidade, denúncia contra cinco envolvidos no assassinato

Quinteto foi apontado pela delação de Ronnie Lessa, que confessou ter puxado o gatilho
  • Categoria: Geral
  • Publicação: 19/06/2024 12:21

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) tornou réus, por unanimidade, cinco suspeitos de serem os mandantes e idealizadores do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018.

São eles, os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo, o major da Polícia Militar fluminense Ronald Paulo de Alves Pereira e Robson Calixto Fonseca, o Peixe, ex-assessor de Domingos no Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.

Os ministros Cármen Lúcia, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Flávio Dino seguiram o relatório apresentado por Alexandre de Moraes — que aceitou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Segundo o relator, foram preenchidos todos os requisitos legais para que os cinco se tornassem réus, que vão além da delação do ex-policial militar Ronnie Lessa.

"Há a presença de justa causa pelo recebimento da denúncia porque a colaboração premiada foi corroborada por outros elementos probatórios, que trazem indícios suficientes de autoria necessários para o recebimento da denúncia", explicou Moraes.

No voto, o ministro rejeitou a tese da defesa de Rivaldo de que ele deveria ser julgado na Justiça comum.

O crime segue sob a jurisdição do STF devido ao envolvimento de figuras públicas com foro privilegiado — caso de Chiquinho e Domingos.

Ele também afastou o pedido de suspeição de Flávio Dino, que era ministro da Justiça quando a Polícia Federal (PF) passou a investigar o caso, em 2023.

Além dos Brazão e de Rivaldo, Ronald Paulo de Alves Pereira (o major Ronald) foi enquadrado no crime de homicídio, pois, segundo a acusação, ele monitorou a rotina da vereadora antes do crime.

Já Robson Calixto responderá por organização criminosa, pois é suspeito de ter fornecido a Ronnie Lessa a arma do crime.

O subprocurador Luiz Augusto Santos Lima apontou que há indícios da conexão dos Brazão com atividades criminosas relacionadas às milícias e à grilagem de terras.

"Chiquinho e Domingos formaram alianças com grupos de milícia no Rio de Janeiro, desde a primeira década dos anos 2000.

Nota-se, ainda, a perniciosa relação dinâmica entre a milícia e candidatos a cargos eletivos naquela região.

Uma vez eleitos, esses aliados passam a defender os interesses desses criminosos", acusou.

Na sessão os defensores dos réus criticaram, principalmente, a colaboração premiada de Ronnie Lessa.

O advogado de Chiquinho, Cléber Lopes, chamou a delação de "fantasiosa".

"A começar pelo valor da recompensa pelo crime, em torno de R$ 100 milhões.

Em outros anexos, por exemplo, ele [Lessa] diz que praticou um homicídio por vontade própria", destacou.

O advogado de Rivaldo, Marcelo Ferreira, negou que seu cliente recebesse valores mensais fixos de milicianos e contraventores no Rio — segundo ele, o delegado está preso injustamente.

Igor Carvalho, defensor de Ronald Pereira, argumentou que não há provas que atrelem seu cliente ao duplo homicídio.

À PF, Ronnie Lessa apontou os Brazão como mandantes do crime e afirmou que a execução foi para proteger interesses econômicos das  milícias.