Delegado nega participação na morte de Marielle e diz que era próximo da vereadora
Rivaldo Barbosa afirmou no Conselho de Ética que Ronnie Lessa o citou em delação por ter sido preso por um delegado indicado por ele
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- Publicação: 16/07/2024 14:18
Indiciado e réu no Supremo Tribunal Federal (STF) acusado de envolvimento da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa (apontado como o mentor intelectual do crime) prestou depoimento no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, nesta segunda-feira (15/7), arrolado como testemunha de defesa do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ).
Preso numa penitenciária federal em Brasília desde 24 de março, há quase quatro meses, Barbosa negou envolvimento no assassinato e afirmou que está preso numa vingança de Ronnie Lessa, assassino confesso da morte da parlamentar do PSol, que o citou em delação por ele ter indicado o delegado Giniton Lages para investigar o caso — foi Lages quem prendeu Ronnie Lessa.
Apesar de comparecer na condição de testemunha de Brazão, Rivaldo Barbosa disse que nunca teve qualquer relação com os irmãos Brazão, que não os conhece e que jamais conversou com eles.
O delegado é apontado no inquérito como quem teria liderado a ação que levou à morte da vereadora. Barbosa disse que usaria o espaço na Câmara dos Deputados para fazer sua defesa, o que teria sido negado a ele até agora pelas autoridades responsáveis pela investigação.
"Não faço a mínima ideia (porque foi arrolado).
Só aceitei porque quando vieram me ouvir (agentes da PF), pedi para falar em público, que fosse gravado em vídeo.
E não foi.
Para falar da minha indignação.
Já perdi 15 quilos...
Hoje estou aqui em razão de ter brigado contra a milícia, contra essas pessoas que fazem muitas pessoas serem mortas, inclusive Marielle e Anderson.
Quem conduziu toda a investigação foi o delegado Giniton Lages, que, com provas técnicas, prendeu o Ronnie Lessa, que é um miliciano.
Foi a milícia que matou Marielle", disse Barbosa.
Ao ser questionado se sabe a razão de ter sido chamado como testemunha de defesa de Chiquinho Brazão, também réu acusado de mandante do crime, mesmo sem sequer conhecê-lo, Barbosa respondeu que aceitou o convite para aproveitar o espaço e se defender.
"Esse aqui é um momento para eu poder falar.
Me tiraram de minha casa e fui trazido para esse presídio sem ter feito nada.
Única coisa que fiz foi indicar o delegado que prendeu o Ronnie Lessa.
E essa é a única maneira de minha família me ver.
Desde 31 de maio de 1969, quando nasci nunca falei com nenhum irmão Brazão.
Nunca tive contato com eles nem político, nem profissional, nem por lazer, religioso ou espiritual.
Não existem para mim como eu não existo para eles".
Rivaldo Barbosa afirmou também que jamais se envolveria na morte de alguém, muito menos da vereadora, quem a ajudou muito, afirmou.
“Se eu já não faria isso com qualquer pessoa que eu não goste, quiçá com uma pessoa que só me ajudou.
Marielle só me ajudou”, disse o delegado.
O delegado se referiu ao período que a vereadora era funcionária do gabinete do então deputado estadual Marcelo Freixo, no Rio, também do PSol.
“Quando assumi a delegacia de homicídios, o deputado Marcelo Freixo era da Comissão de Direitos Humanos e toda morte que ocorria em comunidades ele me ligava e me cobrava.
E aí, com o passar do tempo, foram muitas ocorrências e ele deixou a Marielle para fazer contato comigo.
A Marielle fazia contato comigo”, contou.
Sobre participação ou não do deputado na morte da vereadora, Barbosa respondeu que essa pergunta precisa ser feita ao delegado Giniton.
Ele argumentou que não tinha conhecimento da investigação do caso porque, como chefe da Polícia Civil, era responsável por 170 delegacias.
"Nunca influenciei na investigação. Gostaria de apresentar quem matou Marielle e Anderson, como apresentei", disse a testemunha.