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Trump não consegue frear agenda ambiental, diz John Kerry

Ex-assessor de Biden para o clima afirma que "nem mesmo o poderoso presidente dos Estados Unidos pode tirar desses trilhos os esforços de 200 países ao redor do mundo"
  • Categoria: Geral
  • Publicação: 08/11/2024 08:42

Depois das primeiras 48 horas da eleição de Donald Trump como o próximo presidente dos Estados Unidos, autoridades e políticos mais ligados ao governo de Joe Biden começam a perceber que nem tudo está perdido na área do combate às mudanças climáticas.

"Não é uma pessoa, um homem, que vai conseguir nos tirar dos trilhos do combate às mudanças climáticas.

Nem mesmo o poderoso presidente dos Estados Unidos pode tirar desses trilhos os esforços de 200 países ao redor do mundo", enfatizou John Kerry, ex-secretário de Estado do governo dos Estados Unidos e ex-assessor especial de Biden para o clima.

Kerry proferiu a palestra magna, nesta quinta-feira, na Conferência Internacional Amazônia e novas Economias, em Belém, promovida pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), capitaneado pelo ex-ministro Raul Jungmann.

O evento recebeu o carinhoso apelido de COP Pocket, numa referência ao fato de a cidade receber a COP30 daqui a um ano.

No formato de entrevista, com a participação do ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy — atualmente diretor do Banco Safra — e da diretora-executiva de Clima e Sustentabilidade do Eurasia Group, Shari Friedman, Kerry discorreu por uma hora sobre o que considera crucial para reverter o processo de mudanças climáticas.

Ele mencionou que, se a temperatura continuar subindo, é sinal de que é necessário acelerar esse combate.

Acordo de Paris

Ainda em referência a Trump, sem citar o nome do republicano, Kerry lembrou que o primeiro mandato do ex-presidente foi de recuo na agenda ambiental, por exemplo, com a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, assinado em 2015.

Naquela ocasião, os governos se comprometeram a reduzir as emissões.

Os Estados Unidos voltaram ao acordo no governo Biden, e a expectativa de Kerry é de que não haja mais retrocessos.

O ex-secretário de Estado foi incisivo ao dizer que governantes "têm mandato e precisam seguir as leis" e que a população dos Estados Unidos não abandonou os compromissos da agenda ambiental, que ele considera um processo positivo.

Porém, se, até aqui, a temperatura continua subindo, ou seja, o mundo continua aquecendo, "é sinal de que estamos no caminho errado e que precisamos fazer mais e mais rápido".

Em relação ao mundo, Kerry considera que houve algum avanço desde a assinatura do Acordo de Paris.

Em Dubai, por exemplo, as cobranças foram mais veementes no quesito transição energética, ou seja, redução das usinas de carvão e investimentos em energia renováveis.

O combate às mudanças climáticas fez Kerry se desdobrar em elogios à China, que era o segundo maior emissor do planeta.

"A China agora está progredindo mais em energias renováveis do que o resto do mundo."

Mencionou, ainda, o Brasil como um país que tem a chave para trabalhar muito no conceito da bioeconomia.

"O presidente Lula vem fazendo grandes esforços para reduzir o desmatamento e obteve essa redução.

Há muitas oportunidades no Brasil", frisou.

Kerry defendeu a criação de um fundo climático, capaz de reduzir os riscos dos investimentos nessa área ambiental e, assim, atrair mais capital para esse setor.

Ele considera, também, que é preciso criar um preço para o carbono.

"Acho que na COP30 haverá muito mais discussão sobre o mercado de carbono, e se tivermos um preço para o carbono, vamos acelerar isso", ressaltou, prometendo comparecer à COP30, no ano que vem.

PODCAST DA TV BATATINHA 

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